Matéria traduzida e adaptada do inglês, publicada pela matriz americana do Epoch Times.
Na quinta-feira, o presidente Donald Trump repetiu o aviso de que imporá tarifas de 100% aos membros do bloco econômico BRICS se eles tentarem substituir o dólar americano como moeda de reserva.
“A ideia de que os países do BRICS estão tentando se afastar do dólar, enquanto nós ficamos parados observando, é ÓTIMA”, disse Trump em uma declaração no Truth Social. “Vamos exigir um compromisso desses países aparentemente hostis de que eles não criarão uma nova moeda do BRICS nem apoiarão qualquer outra moeda para substituir o poderoso dólar americano, caso contrário, eles enfrentarão 100% de tarifas e deverão dizer adeus às vendas para a maravilhosa economia americana”.
As nações originais do BRICS incluem o Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, mas o bloco se expandiu para incluir o Egito, Etiópia, Irã e os Emirados Árabes Unidos. A Indonésia tornou-se membro no início deste mês.
Na sexta-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que os membros do BRICS não estavam falando sobre a criação de uma moeda, mas sobre a criação de plataformas de investimento conjuntas.
“A questão é que o BRICS não está falando sobre a criação de uma moeda comum, nem nunca o fez”, disse Peskov. “O BRICS está falando sobre a criação de novas plataformas de investimento conjunto que permitiriam investimentos conjuntos em países terceiros, investimentos mútuos e assim por diante”.
Falando à agência de notícias russa TASS em setembro de 2024, Andrey Mikhailishin, chefe da força-tarefa de serviços financeiros do Conselho Empresarial do BRICS, delineou vários projetos destinados a criar um novo sistema financeiro.
Isso inclui a criação de uma unidade de conta (Unit), uma plataforma para liquidações internacionais em moedas digitais do BRICS (Bridge), um sistema de pagamento (Pay), um depósito de liquidação (Clear), um sistema de seguro (Insurance) e uma aliança de classificação do BRICS.
Uma unidade de conta poderia ser atrelada em parte ao ouro e em parte a uma cesta de moedas nacionais dos membros do BRICS, disse Mikhailishin.
“Quando você tem uma unidade de conta que pode ser convertida em qualquer moeda nacional, é mais conveniente mantê-la, pois é um instrumento mais líquido”, disse Mikhailishin.
Em outubro de 2024, os líderes do bloco BRICS apoiaram a reforma do sistema financeiro global e o fim do domínio do dólar americano quando se reuniram em uma cúpula do BRICS realizada em Kazan, na Rússia.
Entre eles estava o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que defendeu a criação de um sistema comum de pagamentos internacionais que ajudaria os países do BRICS a negociar entre si, contornando assim o sistema financeiro global dominado pelo dólar.
Lula disse que o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD) do grupo – um banco multilateral de desenvolvimento criado pelo BRICS – foi projetado como uma alternativa ao que ele chamou de instituições falidas de Bretton Woods, como o Fundo Monetário Internacional (FMI).
O líder brasileiro disse que o NBD já tinha uma carteira de quase 100 projetos, no valor de cerca de US$ 33 bilhões.
“Ele foi projetado para ter sucesso onde as instituições de Bretton Woods continuam falhado”, disse Lula. “Em vez de oferecer programas que impõem condicionalidades, o NBD financia projetos alinhados com as prioridades nacionais”.
Lula acrescentou que “agora é o momento de avançar na criação de métodos de pagamento alternativos para transações entre nossos países”.
Autoridades participam de uma sessão plenária na cúpula do BRICS em Kazan, Rússia, em 24 de outubro de 2024. (Maxim Shemetov/AFP via Getty Images)
Embora tenha havido sinais de que o BRICS poderia iniciar uma moeda de reserva, as autoridades pareceram se afastar desse objetivo quando se reuniram em outubro de 2024, disse Michael Wan, analista sênior de moedas da MUFG Research.
“Embora o BRICS tenha falado algumas vezes sobre a criação de uma nova moeda unificada do BRICS, a última cúpula em Kazan, em outubro, não enfatizou a criação de uma nova moeda”, afirmou Wan em uma nota de 2 de dezembro. “Não está claro como as tarifas de 100% sobre um grupo de países que representam 37% do PIB global aconteceriam na prática, mas serve como uma possível prévia da diplomacia tarifária sob Trump 2.0”.
O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, disse que acolheria de bom grado as medidas para a integração financeira dos países do BRICS, enquanto o líder do regime comunista chinês, Xi Jinping, incentivou os países membros a aprofundar a cooperação financeira e econômica.
“Eles podem procurar outra nação idiota. Não há nenhuma chance de os BRICS substituírem o dólar americano no comércio internacional, ou em qualquer outro lugar, e qualquer país que tentar deve dizer olá para as tarifas e adeus à América!” escreveu Trump em sua última publicação nas redes sociais sobre o assunto.
Não é a primeira vez que Trump ameaça as nações do BRICS com consequências econômicas. Seu último aviso é quase idêntico a um que ele emitiu em novembro de 2024, após a cúpula do BRICS em outubro de 2024 e poucas semanas depois de vencer a eleição presidencial de 2024.
Na época, a Rússia disse que qualquer tentativa dos EUA de forçar os países a usar o dólar seria um tiro pela culatra.
“Cada vez mais países estão mudando para o uso de moedas nacionais em suas atividades comerciais e econômicas externas”, disse um porta-voz do Kremlin a repórteres em dezembro de 2024. “Se os EUA usarem a força, como dizem, a força econômica, para obrigar os países a usar o dólar, isso fortalecerá ainda mais a tendência de mudança para as moedas nacionais (no comércio internacional)”.
Apesar das preocupações com a possível desdolarização, o dólar dos EUA continua sendo a moeda de reserva dominante no mundo, com esse domínio se fortalecendo ainda mais ultimamente, em parte devido a uma economia robusta dos EUA, política monetária mais rígida e riscos geopolíticos elevados
Um estudo realizado pelo Centro Geoeconômico do Atlantic Council em 2024 mostrou que o dólar americano continua sendo a principal moeda de reserva do mundo, e nem o euro nem os países do BRICS conseguiram reduzir a dependência global do dólar.
Andrew Moran e Reuters contribuíram para este artigo.
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