A Europa tem testemunhado uma série de movimentações estratégicas de alguns de seus países diante das incertezas da invasão russa contra a Ucrânia.
O último episódio destas ações veio da Lituânia, nação que foi vítima da ocupação soviética, que no sábado (22) anunciou que irá minar toda fronteira com a Rússia, incluindo minas antitanque.
O recente armamento da Europa se intensificou após o fim do mandato de Joe Biden. Sob a política de America First (América Primeiro) de Donald Trump, os EUA se voltaram para problemas internos e abandonaram parte dos seus interesses em questões de segurança no velho continente. Segundo Trump, a Europa precisa se defender sozinha.
O que está acontecendo na Europa
Lituânia busca minar fronteira russa
A Lituânia, membro da OTAN e vizinha do enclave russo de Kaliningrado, está adotando medidas preventivas mais agressivas para enfrentar a possibilidade de uma invasão russa.
Entre as iniciativas está o aumento significativo do orçamento militar, que passará de 3% para 4% do PIB em 2025, com um investimento adicional de 800 milhões de euros destinados principalmente à aquisição de armas estratégicas.
A Lituânia, em coordenação com Polônia e Letônia, também anunciou uma decisão sobre o uso de minas terrestres antipessoais e antitanque. Segundo o anúncio, o país está planejando abandonar a Convenção de Ottawa, que proíbe o uso dessas armas, considerando-as essenciais para reforçar suas defesas diante da ameaça russa. A Finlândia também deve se juntar a essa iniciativa nas próximas semanas.
O país também desenvolveu planos de evacuação em massa e reforçou infraestruturas críticas, como pontes e estradas, para dificultar possíveis avanços militares. Além disso, a Lituânia está fortalecendo a segurança de sua rede elétrica em colaboração com a Polônia, preparando-se para se desconectar do sistema energético russo.
Polônia quer treinamento militar para todos os homens adultos
A Polônia também está reforçando sua defesa diante da ameaça russa. O primeiro-ministro Donald Tusk anunciou planos para treinar todos os homens adultos para a guerra. “Estão em andamento trabalhos para preparar treinamento militar em larga escala para todos os homens adultos na Polônia. Tentaremos ter um modelo pronto até o final deste ano para que todos os homens adultos na Polônia sejam treinados em caso de guerra”, escreveu o governo no X.
Tusk quer expandir o exército para 500 mil soldados, incluindo reservistas. Atualmente, o efetivo tem cerca de 200 mil militares. Contudo, o modelo suíço, que incentiva o treinamento sem torná-lo obrigatório, está sendo considerado.
O país também negocia com a França para integrar seu escudo nuclear e também avalia abandonar tratados que proíbem minas terrestres e munições cluster. O governo alega que essas medidas são essenciais para fortalecer sua segurança.
A incerteza sobre o apoio dos EUA aumentou a preocupação polonesa. A suspensão de ajuda militar à Ucrânia por Donald Trump fez Varsóvia elevar seu orçamento de defesa para 4,7% do PIB, o maior da OTAN, com possibilidade de aumento para 5%.
Alemanha reforça sua postura militar
A Alemanha, principal economia da Europa, está aumentando consideravelmente seus esforços de defesa. Recentemente, o país decidiu reorganizar suas forças internas de segurança, chamadas Heimatschutz, que passarão para o comando do exército alemão em uma nova Divisão de Defesa Interna.
Atualmente, formada por cinco regimentos regionais compostos principalmente por reservistas, a Defesa Interna vai ganhar um sexto regimento misto. Inicialmente com 6 mil integrantes, o plano é expandir esse contingente para dezenas de milhares.
Acompanhando as mudanças, instituições como a Cruz Vermelha Alemã começaram a investir recursos próprios para criar centros modernos de proteção civil.
França intensifica preparativos defensivos
A França também está tomando medidas para fortalecer sua defesa nacional. O governo francês elaborou um “manual de sobrevivência” destinado a orientar a população em situações de crise, incluindo cenários de guerra, desastres naturais ou pandemias.
Esse documento fornecerá instruções sobre como agir em caso de “ameaça iminente”, refletindo a preocupação crescente com a segurança nacional.
Paralelamente, o governo francês anunciou planos para aumentar as encomendas de aviões de combate Rafale, reforçando a capacidade aérea francesa no contexto da dissuasão nuclear.
Segundo o ministro das Forças Armadas da França, para que os interesses e segurança da Europa sejam mantidos, é necessário “acelerar o rearmamento” para evitar que o ocorrido com a Ucrânia possa acontecer com outras nações europeias.
“Reino Unido não está preparado para uma guerra”
Em entrevista para o jornal The Independent, o ex-comandante da OTAN, Sir Richard Shirreff, alertou que o Reino Unido não está preparado para um possível conflito com a Rússia e não pode contar plenamente com os EUA e a aliança atlântica. Ele defendeu que a Europa deve criar um forte sistema de dissuasão militar independente, cobrindo toda a região do Báltico ao Mar Negro.
Na visão do secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, nem mesmo o Ocidente está pronto para enfrentar a ameaça russa e que é necessário adotar uma “mentalidade de tempo de guerra”. Ele destacou que a Rússia está se preparando para um confronto de longo prazo e que os aliados devem fortalecer sua capacidade defensiva.
Ex-integrantes do alto escalão militar britânico, como Ben Wallace e Lord West, criticaram a falta de prioridade dada à defesa pelo governo de Keir Starmer. Eles alertam que o subfinanciamento das forças armadas pode comprometer a segurança nacional em um cenário global cada vez mais instável.
“É inacreditável, na verdade. Com o mundo tão perigoso como está, sabendo como estamos subfinanciados, o fato de ele não estar disposto a mencionar isso como uma das prioridades é muito preocupante”, avisou Lord West.
OTAN apela para aumento dos gastos armamentistas
A pressão por aumento dos gastos militares também parte da OTAN. Mark Rutte afirmou que a meta de 2% do PIB para defesa já não é suficiente para as ameaças atuais. Rutte defende que os países membros elevem os investimentos para enfrentar possíveis conflitos.
Trump, por sua vez, tem exigido um aumento ainda maior, sugerindo que 5% do PIB seja destinado à defesa. Segundo o Republicano, os EUA arcam com a maior parte dos custos para manter a aliança, o que seria injusto em sua visão.
A Europa se dividiu sobre a fala de Trump. “Há um amplo consenso na Suécia de que precisamos investir mais em nossa defesa”, defendeu a ministra das Relações Exteriores da Suécia, Maria Malmer Stenergard.
A Itália, por outro lado, afirma não poder gastar esse valor. “Fui o primeiro ministro de nosso país a falar sobre a dificuldade de atingir a meta de 2%. Pela primeira vez, este governo deixou claras as nossas possibilidades de contribuir”, enfatizou o ministro da Defesa, Guido Crosetto.
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